Iniciei minha trajetória na educação em 15 de fevereiro de 1990. Comecei como agente administrativa na Creche Justina Cláudio de Araújo.Ficava responsável pelo livro de ponto, por contagem dos alunos, anotações de merenda etc. Esses trabalhos burocráticos da função. Minha paixão mesmo era sala de aula, eu ficava vendo as professoras ensinando, aquilo me dava uma inspiração e começava a sonhar quando seria eu, após terminar pelo menos o ensino médio é claro, na época quem tinha o pedagógico poderia atuar em sala de aula. No ano seguinte fui convidada a lecionar na zona rural de meu município, meu Deus a felicidade foi tão grande que sai da sala da secretária de educação, na época Dona Chaguinha, com o sorriso de orelha a orelha.
Passei alguns anos nessa localidade, onde conheci realmente a realidade de uma sala de aula. No inicio a insegurança era tremenda, apesar de ser uma sala de educação infantil, mas eu tinha que me virar nos 30 para prender a atenção daquelas crianças. Uma atitude que precisei tomar para acalmar as crianças após o recreio, foi me fingir de morta, deitei no chão e fiquei paralisada. Todas as crianças ficaram olhando assustadas e pararam de bagunçar e ficaram sentadas ao meu redor me olhando. Depois de alguns minutos fui me levantando aos poucos, todos me abraçaram e depois desse dia tudo começou a entrar nos eixos.
Foram bons anos, a unica coisa que eu não gostava era no período chuvoso, íamos de três pessoas em uma moto, eu, uma outra professora que ficava em uma localidade antes da minha ( Pedra de Fogo) e o motoqueiro. Sempre íamos com o templo ensolarado e voltávamos com muita chuva.
Me apaixonei por alfabetizar, aquele estalinho que os alunos dão entre o mês de outubro a dezembro, lendo e escrevendo, é muito gratificante para o professor alfabetizador. Minha segunda experiência em sala de aula foi na Escola Elze Mendes de Aguiar, onde passei 6 anos alfabetizando, foram anos de muitas alegrias, sofrimento, conquistas e experiências exitosas. Certa vez um aluno insistia em pronunciar um palavrão em sala e as crianças ficavam constrangidas. Ele repetia constantemente a palavra atrapalhando a aula. Pensei um pouco, fui até a direção da escola e comuniquei que iria levar aquela palavra para ser trabalhada em sala de aula no dia seguinte. No inicio a diretora, Tia Suiça, achou um absurdo. Expliquei que seria uma forma de constrange-lo e assim ele pararia de falar. No dia seguinte, levei a palavra escrita em tarjetas de três formas; completa, separada, para completar com as letras que faltavam. Iniciei a aula, fiz a rotina de entrada e logo após chamei o aluno para o quatro, ele veio então perguntei;
- Fulano, que palavra você mais gosta de pronunciar aqui na sala? Ele todo empolgado responde.
- P.......!!
Então, comecei a estratégia de exploração da palavra, as outras crianças deram muitas risadas, complementei explicando o nome cientifico e trabalhamos a palavra normalmente; letra inicial, final, vogais, consoantes, número de silabas etc.
Resultado, nunca mais o fulano chamou nenhum palavrão em sala. Foi arriscado fazer essa estratégia, pois poderia as crianças chegarem em casa comentando de forma errada para os pais. Só que antes da aula conscientizei a turma da necessidade de tomar a atitude.
Logo depois, deram inicio ao ensino de 9 anos, passando de alfabetização para 1º Ano do ensino fundamental, passei ainda 2 anos com 1º Ano e depois fui lecionar 3º Ano. Foi uma experiencia nova, mais muito boa, a faixa etária dos alunos favorecia uma estratégia mais ampla de recursos, assuntos e foi maravilhoso. Em uma aula de gêneros textuais, estávamos trabalhando o gênero RECEITA, pedi para as crianças levarem alguns ingrediente para fazermos um bolo. Tudo pronto, cenário arrumado, dei inicio a preparação do bolo, pedi a ajuda a um aluno e o mesmo quando quebrou um ovo para colocar na vasilha, o mesmo estava podre. Ficou aquele mal cheiro na sala e acabou com a receita.
Anos mais tarde, terminei minha graduação em pedagogia com habilitação em biologia e fui lecionar ciências no ensino fundametal II.
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